Se você é pesquisador e usuário de redes sociais, possivelmente notou um aumento considerável de contas propagando auxílios e acompanhamentos para pesquisa e escrita de textos acadêmicos.
De soluções milagrosas de 24 horas, até mentorias exclusivas o mercado evoluiu muito. Hoje existe uma pluralidade de cursos, aulas, workshops e webinares que ajudam (e atrapalham também) o desenvolvimento acadêmico.
Falando nisso, a Equipe inclusive lançou em 2021 a Consultoria Acadêmica, hoje incluída no nosso Plano Premium.
Mas, o que tudo isso significa? É possível auxiliar um pós-graduando no percurso de produção científica? Quem são os profissionais habilitados para essa tarefa? Existe algum milagre nisso tudo?
Vamos dissecar esse fenômeno da internet e descobrir o que faz ou não sentido nessa história.
1- Mentoria ou consultoria?
Primeiro, vamos explicar a diferença entre mentoria e consultoria. Você sabe qual é?
Mentoria é um acompanhamento de carreira feito por um profissional sênior.
Mentores são profissionais já reconhecidos no mercado com vasta bagagem profissional. Mentores não costumam cobrar (financeiramente) por encontros, cafézinhos etc.
A mentoria surgiu na internet puxada pelo avanço do LinkedIn, aproximando recém-formados a profissionais em fins de carreira.
A ideia central era replicar o que instituições de outros países já institucionalizaram, trazer oportunidades de trabalho e reconhecimento para quem ainda nem sabia por onde começar.
Mentorias não são (ou não eram) treinamentos, estágios ou qualquer unidade de trabalho integrado. O profissional sênior era responsável pelos conselhos e apresentações e nada mais.
Ser mentorado por um profissional reconhecido funcionava como cartão de visitas.
Consultoria é uma avaliação profissional de um cenário.
Consultores são profissionais especializados que podem ser pontualmente contratados para avaliação, resolução e rearranjo dentro de um ecossistema.
Por exemplo, quando uma obra corre o risco de ser embargada por questão ambiental, uma consultoria é contratada para avaliar riscos e possíveis despesas no projeto, economizando dinheiro para a empresa.
Qualquer profissional especializado pode ser um consultor, basta que ele esteja habilitado para o trabalho e possua o knowhow para a análise prestada.
As consultorias ganharam força quando muitas empresas pararam de contratar profissionais altamente especializados por CLT. Para diminuir custos, ficou mais simples contratar por projeto, por isso mais consultores.
2- E o Orientador Profissional?
A orientação acadêmica (aquela feita na universidade) é exclusiva do meio acadêmico. O orientador é responsável por acolher um pesquisador em uma linha de pesquisa.
O professor escolhido para orientar uma pesquisa acadêmica tem a função de direcionar o raciocínio científico do pesquisador e alinhar aquilo que será pesquisado.
O tema tem “relevância”? A pesquisa está de acordo com a linha do PPG? Os resultados adicionam conhecimento ao projeto que está em curso?
O professor indica leituras, ensina métodos de pesquisa e garante que os resultados estejam “exatos”, eles são embasados e justificados.
Quando um pesquisador, no nível de mestrado, doutorado ou ainda na graduação, é convidado a ingressar um projeto científico, ele integra um grupo de cientistas.
E é justamente por isso que não existe orientador profissional.
A orientação é um procedimento acadêmico para garantir veracidade nas informações levantadas na pesquisa. O pesquisador é integrante da pesquisa do orientador.
3- No reino da internet, quem pode ser mentor?
Na internet, consultorias, mentorias e orientações ficaram muito famosas. Quem nunca ouviu falar do Artigo em 24 horas ou TCC em 7 dias?
Professores renomados e pesquisadores pouco influentes estão nas redes sociais oferecendo todos esses serviços.
Durante a pandemia, propaganda de serviços e produtos que antes habitavam única e exclusivamente os murais de universidade conquistaram espaço no nosso dia a dia através das redes sociais.
Isso é bom?
Depende de como enxergamos a situação. É óbvio que não gostamos de ser interrompidos com propagandas no nosso horário de lazer, mas a socialização da propaganda de mural democratizou o acesso a esses serviços.
Com a democratização, o papel crítico se volta para o usuário. Quem garante a qualidade desses serviços?
Mais do que escolher mentoria ou consultoria, a análise profissional acaba sendo o grande parâmetro na escolha.
4- Existe milagre? Como funciona?
De toda forma, os métodos de prestação desses serviços não mudaram muito nos últimos 5 anos. O pesquisador pode contratar uma mentoria ou consultoria de dois profissionais diferentes e receber soluções muito parecidas.
A ideia por trás desses auxílios é fazer o pesquisador produzir. Seja organizando, ensinando, escrevendo e até mesmo fazendo exercícios práticos, o resultado é o mesmo: um texto ou aprovação em processo seletivo.
Por isso não existe milagre. O pesquisador pode aprender a escrever um TCC em 7 dias, mas o processo de aprendizagem em si demora um pouco mais que isso.
Cada mentoria, consultoria, orientação acadêmica (cursos online também) é um processo didático de apreensão de uma habilidade. E isso demora.
Quantas vezes você aprendeu alguma habilidade da noite para o dia?
5- Vale a pena contratar uma mentoria?
Se você está com muita dificuldade para escrever um trabalho acadêmico, ou se você tem um objetivo muito ambicioso quanto ao meio científico, a resposta é sim.
Mentorias, em qualquer área, são indicadas para quem quer fazer MUITO. Seria muita pretensão achar que na vida é possível conquistar grandes feitos sozinho.
Nesse ponto, a cultura da mentoria veio para ficar. Os resultados são visíveis para quem contou com a ajuda de um parceiro mais influente ou mais capacitado. Contar com a experiência empírica de outra pessoa pode ser fundamental.
Cerca de 40% dos estudantes de pós-graduação não terminam os estudos no tempo esperado. Esse fenômeno é causado por alguns motivos, mas principalmente pela falta de suporte.
Dinheiro, família, transporte, tempo e sobrecarga de trabalho apontam como os principais problemas do pós-graduando.
Mentores organizam e preparam profissionais para essa realidade, fazendo em parte o papel desse suporte. Por isso, se você estiver precisando, procure esse apoio.
6- Não é melhor fazer um curso?
Para aqueles que desejam aprimoramento, os cursos, workshops e palestras são muito eficazes. Hoje é possível aprender sobre o meio acadêmico sem necessariamente estar inscrito em uma pós-graduação.
Nada impede que o pesquisador aprenda a fazer uma pesquisa antes de prestar provas e concursos de seleção.
Para preparação, estão na moda os cursos de softskils (alguns gratuitos) e os tutoriais de canais do Youtube.
Quem escolhe o caminho dos cursos, escolhe a permanência. Aprender uma habilidade é apropriar-se dela e não esquecer como praticá-la.
O conhecimento sempre vale a pena.
7- Dá pra sobreviver sem isso?
Apesar de tudo isso, dá para sobreviver sem. Muitos alunos finalizam cursos sem nenhum auxílio extra, o importante é saber que se não for possível, existe um caminho de ajuda.
Concluindo
A internet está cheia de produtores de conteúdo, influenciadores e criadores. Cada profissional possui suas habilidades e soluções para a mesma questão: produção acadêmica.
Não existe milagre ou inovação tecnológica. De uma forma ou outra, você será levado para uma aprendizagem.
Para não cair em ciladas, pesquise referências e compare as características de serviços com as especificações de mentoria e consultoria listadas neste post. O que você precisa? Quais são as suas expectativas?
Esteja ciente da sua escolha e, se for o que você precisa, vá em frente. Aprender só vai te ajudar.
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